Desde 2011, as profecias sobre o estouro da bolha das startups e empresas de tecnologia vêm sendo divulgadas por Marc Andreessen, Sean Parker, Steve Blank e outras referências do Vale do Silício. Com as quedas recentes no preço de ações do setor de tecnologia e o ajuste nos valuations de startups no mercado privado, será que dessa vez estamos de fato vivendo o fim de um ciclo?
Para Carlos Pessoa Filho, Diretor de Relações com Investidores da G2D Investments, o mercado está passando por algo diferente. Ele falou sobre o tema em entrevista ao Pipeline, site de negócios do jornal Valor Econômico.
O executivo da G2D, que participou da South Summit, evento de startups e inovação em Porto Alegre, tem uma visão mais ampla sobre o assunto: “Um ano sim e outro também, há alguma referência da indústria falando da bolha”, comentou, mencionando os seguintes fatos:
Sinais de que o mercado não está vivendo a bolha das startups
1 – O ano começou com pelo menos US$ 230 bilhões para serem investidos
O chamado dry powder (a quantidade de recursos levantados pelos fundos de Venture Capital) atingiu o recorde de US$ 230 bilhões no fim de 2021 e seguiu o mesmo ritmo de crescimento segundo o relatório Venture Monitor, do Pitchbook – NVCA.
Nos primeiros três meses de 2022, foram mais US$ 78 bilhões em commitments (acordos para injeção futura de capital).
“Além do recorde em investimentos, o ano passado também foi o ano recorde em levantamento de novos fundos. Se não levantasse mais nenhum capital, já teria dinheiro garantido para investir em tecnologia nos próximos anos. Não vai faltar dinheiro para investir nessa classe de ativos”, disse Carlos Pessoa Filho ao Pipeline.
2 – Os valuations das empresas estão caminhando para níveis mais saudáveis
Com a correção de preços de empresas no mercado de tecnologia, que chega a até 30% no mercado privado, os valuations de startups caminham de volta para a média, em um nível mais saudável.
“Quando há uma coisa que foge muito da mediana histórica, todo mercado se ajusta. Isso aconteceu em venture capital. O tamanho das rodadas e o valuation das companhias havia saído da média móvel histórica, e agora voltaram à média”, disse o executivo da G2D.
Um exemplo recente é o da startup Instacart, empresa de delivery que faz parte do portfólio da Andreessen Horowitz e fez um markdown no seu valuation de quase 40%.
As previsões sobre o estouro da bolha tech
Steve Blank, março de 2011
“Estamos agora na segunda bolha da Internet. Os sinais são claros: os valuations de seed e late stage estão ficando sem substância e malucos, e contratar talentos no Vale do Silício é a coisa mais difícil desde a bolha das pontocom.” Essa é a introdução do artigo New Rules for the New Internet Bubble publicado no site do empreendedor há mais de dez anos.
Na publicação, ele passa por várias fases do Venture Capital nos Estados Unidos, desde a Golden Age (anos em que gigantes como Apple, Dell e Microsoft foram fundadas) até a era pós Lean Startup. Na época em que divulgou o artigo, Blank previu que o mercado de startups veria uma piora na qualidade dos IPOs e dificuldade para inovar.
Porém, foi a partir dos anos 2010 que o mundo viu uma proliferação de unicórnios, empresas avaliadas a partir de US$ 1 bilhão.
Sean Parker, novembro de 2011
Também em 2011, o ex-CEO do Facebook Sean Parker apontou que investidores anjo estavam destinando muito capital a empreendedores que não estavam prontos para construir uma companhia.
“Esse é o modelo que funciona bem em uma bolha: fazer um grande número de investimentos muito rapidamente e terceirizar sua due diligence para membros de sua rede. Obviamente, em um mercado onde tudo sobe, isso funciona extremamente bem. E esse é um ambiente de bolha.”
Ele completou determinando uma janela de tempo: “Não sei quantos anos mais temos disso – talvez seja um ano, um ano ou dois, no máximo. Mas, eventualmente, esse cemitério de empresas jovens mortas excederá dramaticamente o número de empresas que o Google e o Facebook querem comprar, e nesse ponto o dinheiro fácil acabou.”
Marc Andreessen, junho de 2016
Marc Andressen, fundador do gigante Andreesen Horowitz (a16z), disse ao empreendedor Tim Ferriss: “Essa coisa de ‘falhar rápido’ está, francamente, completamente fora de controle”.
Na época, ele criticava o modelo de crescimento de empresas que baixavam muito os preços de seus produtos e serviços para atrair mais clientes, deixando de lado fundamentos importantes como receita e margem, indicadores que garantiriam seu futuro.
Antes disso, Andreessen era reconhecido por seu posicionamento contra a existência de uma bolha tech. Em várias publicações de anos anteriores, ele aparece negando a existência da bolha, ao contrário de sua contraparte Bill Gurley, da Benchmark.
Guilherme Aché, da Squadra Investimentos, e as fake techs
O Brasil também tem a sua própria versão das discussões sobre a bolha tech. No ano passado, Guilherme Aché, fundador da casa de análise Squadra Investimentos, falou sobre a questão em um evento.
Na época, ele disse que não estamos em um cenário de estouro de bolha, mas que existem cases duvidosos de empresas. A partir daí, o termo fake tech começou a circular com mais força no mercado: empresas que usam o nome tech, mas que não são tão techs assim.
Em novembro de 2021, em entrevista ao podcast Invista com Tiago, Carlos Pessoa Filho, da G2D, apontou como identificar uma fake tech. O principal sinal é:
Observe o número de funcionários dedicados ao desenvolvimento de tecnologia.
Essa empresa tem mais engenheiros de software ou mais atendentes de telemarketing?
Analisando esse ponto, já é possível descobrir a resposta. No entanto, o fato de uma companhia usar tecnologia para se promover não é necessariamente ruim. O que conta é como ela conduz seu negócio.
O que acontece agora?
O cenário de investimentos em Venture Capital segue no mesmo ritmo de 2021, conforme o relatório do primeiro trimestre deste ano publicado pelo Pitchbook – NVCA.
No entanto, fica mais difícil para empresas que não têm negócios tão bem estruturados: “Há companhias que montam modelos de negócios que não param de pé, por isso precisam de várias rodadas. O clássico exemplo é levantar capital a cada 12 ou 18 meses, mas teve companhia que levantou quatro rounds em um ano. Não é factível”, disse Carlos Pessoa Filho.
Mas a inovação não pode parar e, por isso, empreendedores excepcionais continuarão tendo espaço para escalar seus negócios.
Invista em empresas inovadoras com a G2D
A G2D Investments é uma empresa que investe em companhias disruptivas em fase de alto crescimento e que antes só estavam ao alcance de grandes investidores.
Por meio do papel G2DI33 na bolsa brasileira, qualquer pessoa pode investir no Mercado Bitcoin, na Blu, na Cerc, além de outras companhias nos Estados Unidos e na Europa, como a NotCo, Tomboyx, a Dyper, a Seed Health, a Moss Earth, entre outras.
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