Quando alguém cria alguma coisa, não dá para prever quais serão seus usos no futuro. Foi assim com o domínio do fogo, que aconteceu muito antes da criação do motor à combustão. Para o diretor do Mercado Bitcoin, Fabrício Tota, a mesma dinâmica se repete com as criptomoedas e, seguindo esse raciocínio, ainda estamos vivendo na Idade da Pedra do bitcoin.
No domingo, 10, o executivo participou da Brazil Conference em Harvard, um evento organizado por brasileiros na universidade americana. A conferência anual é famosa por atrair figuras de destaque no mundo dos negócios e da política, desde participantes tradicionais, como o empresário Jorge Paulo Lemann, até personalidades como a cantora Anitta.
Este ano, Tota participou do painel Instigando o Pioneirismo em Blockchain e Criptomoedas, moderado pela fundadora do site Blocknews, Claudia Mancini. Além do executivo, participaram André Portilho, Head de Digital Assets do BTG Pactual, Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex, e Fabio Araujo, coordenador dos trabalhos sobre a Moeda Digital do Banco Central.
Entre os assuntos discutidos estão a transformação inevitável que será trazida pela Web3 e pela tecnologia blockchain. Porém, a evolução do uso dessas tecnologias ainda está em uma fase muito inicial, comparada pelos participantes à Internet em 1997. Ou seja, tudo ainda está para acontecer.
No vídeo a seguir, entre 27 min. e 1h30min, você confere o painel na íntegra e uma discussão posterior sobre o mercado de pagamentos no Brasil.
Depois do Pix, bitcoin é mais atraente como investimento
Outro ponto mencionado por Tota é o Pix, em resposta a uma questão sobre as diferenças entre as tecnologias adotadas no Brasil e as tendências nos Estados Unidos e no cenário global.
O executivo mencionou que esteve recentemente em Miami e usou um conceito do mercado de criptomoedas, Lightning Network, para explicar como funciona o meio de pagamento, ferramenta vista com entusiasmo fora do Brasil.
Para ele, a adoção recorde da tecnologia é um exemplo do que um Banco Central pró-ativo pode ajudar a promover, apesar das diferenças em um país do tamanho do Brasil. Segundo os dados mais recentes do órgão, o Pix ultrapassou os cartões de crédito e débito em número de transações no quarto trimestre de 2021.
Desde o seu lançamento, em novembro de 2020, o meio de pagamento já foi usado por mais de 100 milhões de usuários (cerca de metade da população brasileira) e tirou terreno especialmente das operações via TED e DOC.
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Além disso, uma vez que o Pix cumpre o papel de ser um meio de pagamento instantâneo, o bitcoin se torna mais atraente como investimento, especialmente para um público mais jovem. “É diferente da Colômbia, por exemplo, onde [o bitcoin] é usado para pagamentos”, disse Tota.
“Nesse momento, o mercado ainda é muito pequeno, não tem uma capitalização nem de 2 trilhões de dólares. Entre todos os criptoativos, estamos falando de quase 20 mil projetos”, afirmou o executivo. Segundo ele, a volatilidade nesse caso é normal e vai seguir dessa forma. Para efeito de comparação, somente a Apple vale 3 trilhões de dólares.
Mercado Bitcoin e o Real Digital
O Mercado Bitcoin, empresa investida da G2D por meio do grupo 2TM, foi uma das nove empresas selecionadas pelo Banco Central para criar o Real Digital, a moeda digital oficial do Brasil.
Esse tema foi mencionado por Fabio Araujo, do BC, como exemplo de colaboração entre reguladores e empresas para criar novas soluções, uma vez que a transformação é inevitável.
Para ele, o papel da instituição é traçar um caminho e desenhar ferramentas “para que não tenha um momento de ruptura, ou seja, desenhar ferramentas e regulação para que a transição a esse novo modelo de economia seja o mais suave possível”.