Já ouviu falar em bootstrapping? A prática está presente na história das startups que nasceram do nada, dependendo apenas dos recursos de seus próprios fundadores.
Empreendedores que atingem o sucesso por esforço próprio, também chamados de self-made, em inglês, costumam adotar a prática no início de suas jornadas. Essa é a característica em comum entre Bill Gates e Steve Jobs, por exemplo.
A partir de agora, vamos entender como funciona o bootstrapping, entender as vantagens desse modelo e analisar alguns casos de empresas que o adotaram.
O que é bootstrapping?
Bootstrapping é o processo de criar uma startup a partir do capital dos sócios, sem financiamento inicial de investidores anjo ou fundos de Venture Capital. Ou seja, é uma estratégia que usa apenas os recursos dos envolvidos no negócio.
Nesse contexto, é uma forma de abrir um negócio com recursos limitados. Justamente por isso, esse tipo de estratégia precisa ter um processo autossustentável de geração de receita e crescimento.
A expressão bootstrapping une as palavras boot e strap que significam bota e alça. De acordo com o site Investopedia, ela possui origem incerta, mas um provérbio ajuda a entender: “pulling oneself up by one’s bootstraps”, ou “puxar-se pelas próprias botas”.
O ditado se refere às botas de cano alto comuns no século 19, que eram calçadas puxando as tiras no tornozelo. Assim, quando se trata de investir em startups, bootstrapping se refere a fazer algo por conta própria, sem ajuda externa e da maneira mais difícil.
Mesmo bem-sucedidas, as empresas que fazem bootstrapping podem decidir levantar capital com investidores. É o caso, por exemplo, de comopanhias que atingem um determinado patamar de crescimento e usam investimentos externos para acelerar seus negócios.
Vale a pena fazer bootstrapping?
Antes de avaliar se o bootstrapping vale a pena, entenda que existem dois tipos de negócios que podem adotar o método:
- Empresas em estágios iniciais que não requerem um grande fluxo de capital, particularmente de fontes externas. Essa característica permite flexibilidade e tempo para escalar o negócio;
- Empreendedores em série, pessoas que começam um empreendimento atrás do outro em vez de estabelecer apenas um negócio. Nesses casos, o fundador tem recursos da venda de outra empresa para investir na atual.
Dito isso, vamos aos pontos positivos e negativos.
Bootstrapping é econômico, o que significa que normalmente a entrada no negócio tem baixo custo. Nesse modelo, o empreendedor é o seu próprio chefe. Como não há investidores externos, ele pode tomar decisões importantes para o negócio de forma mais rápida. Além disso, há maior liberdade e flexibilidade para desenvolver o negócio.
Porém, problemas de escalabilidade podem surgir devido à falta de capital e de fluxo de caixa. Nesses casos, será útil que o empreendedor tenha expertise para entender o que priorizar.
Além disso, se existe mais de um fundador, disputa societária e problemas no cap table da companhia podem ser comuns. Isso ocorre quando há um desequilíbrio em termos de capital investido, experiência no segmento do negócio, e assim por diante.
Por último, bootstrapping envolve um risco significativo de perdas, uma vez que o negócio pode não dar certo. É também uma fonte de estresse para o empreendedor, que precisará dedicar longas horas de trabalho e recursos próprios para ter sucesso.
Bootstrapping dá certo?
Existem certos requisitos para que uma empresa tenha sucesso por meio dessa prática. O empreendedor deve executar uma a ideia de negócio, focar em lucro e aprimorar as habilidades de liderança, além de construir um time de alta performance. As características em comum dos casos de bootstrapping são:
- financiamento do negócio com o uso de recursos pessoais e reservas;
- empréstimos feitos pelos próprios fundadores, na pessoa física;
- trabalho não remunerado e não recompensado nos estágios iniciais;
- custos operacionais reduzidos ao máximo;
- estoque mínimo e capacidade de rápida recuperação;
- subsídios e redução de impostos;
- receita de vendas.
Empresas que utilizam o método buscam melhorar constantemente os seus processos, mesmo sem milhões de reais em mãos. Porém, uma área sensível do negócio é a gestão financeira, uma vez que problemas no fluxo de caixa podem ser fatais para o negócio. Esse, aliás, é um dos principais desafios do empreendedorismo no Brasil.
As startups que fizeram bootstrapping
As startups que fizeram bootstrapping conseguiram crescer porque criaram produtos ou serviços extraordinários. Além disso, são negócios que estabeleceram estratégias sólidas de crescimento e uma fonte de lucro sustentável antes de se tornarem destaque em seus respectivos segmentos.
A seguir, conheça as startups que adotaram a abordagem e hoje são casos de sucesso:
Apple
A gigante de eletrônicos foi fundada por Steve Jobs e Steve Wozniak na garagem da família de Jobs com apenas US$ 1.350. Em 2021, se tornou a primeira empresa do mundo a atingir US$ 3 trilhões em valor de mercado.
Dell
Michael Dell fundou a Dell Computers em seu quarto na faculdade em 1984. Ele tinha US$ 1 mil para começar a construir seus próprios computadores. A Dell hoje é uma das mais famosas fabricantes de computadores e tem negócios em todo o mundo.
GoPro
A GoPro, empresa que fabrica a famosa câmera fotográfica, foi fundada em 2002 por Nick Woodman, que usou suas economias pessoais e um empréstimo de US$ 35 mil de sua mãe. Após 10 anos da fundação da empresa, ele recebeu um investimento de US$ 200 milhões da Foxconn e fez o IPO da GoPro com um valuation de US$ 3 bilhões em 2014.
Involves
A Involves é uma desenvolvedora de Florianópolis, em Santa Catarina. A startup nasceu em 2008 com um investimento de apenas R$ 600 reais. Hoje, após testar diversos produtos, a companhia possui uma plataforma de gestão de trade marketing e merchandising em tempo real, com clientes em toda a América Latina.
Locaweb
A empresa, que fez seu IPO em 2020, foi fundada por Gilberto Mautner, Claudio, Ricardo e Michel Gora como um negócio de anúncios de confecções: a Intermoda. Com o passar do tempo, entendeu que o verdadeiro negócio era criar infraestrutura tecnológica para outras empresas.
Mailchimp
Um dos casos mais recentes de bootstrapping é o da startups de ferramentas de marketing Mailchimp. Ben Chestnut, co-fundador e CEO da empresa, construiu um enorme negócio de automação de e-mail inteiramente por bootstrapping. No final de 2021, a Intuit adquiriu o Mailchimp por US$ 5,7 bilhões.
Mercado Bitcoin
A empresa foi fundada em 2013 por Gustavo e Maurício Chamati e, no início, negociava apenas bitcoin e litecoin. Hoje, é a maior exchange de criptoativos da América Latina, com mais de 150 criptoativos disponíveis para negociação. Em 2021, recebeu seu primeiro aporte de fundos de Venture Capital, incluindo a G2D Investments por meio da participação na 2TM, holding que controla a companhia.
Microsoft
A Microsoft foi fundada por Bill Gates e Paul Allen em 1975 nos Estados Unidos. Assim como outros exemplos da lista, o negócio começou como uma pequena empresa de tecnologia da informação. Hoje, a Microsoft domina o mercado mundial de sistemas operacionais e de programas de escritório.
A G2D investe em startups que fizeram bootstrapping?
A G2D Investments é uma plataforma de Venture Capital que investe em empresas disruptivas, de alto crescimento e que têm no seu DNA a missão de mudar o mundo.
Entramos em negócios em fase de estruturação para abertura de capital, a fase pré-IPO. Portanto, participamos da trajetória de companhias em uma fase mais avançada. O Mercado Bitcoin é uma das companhias no portfólio.
O bootstrapping vai continuar fazendo parte da história de empresas de sucesso. Para entender mais sobre esse universo, inscreva-se na newsletter da G2D Investments e não perca as novidades sobre tecnologia e mercado financeiro.